Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
A carreira de Aécio e o pó das instituições
30/09/2017
A carreira de Aécio e o pó das instituições

Deve ser ironia, pura coincidência ou brilhante metáfora. No instante em que era ameaçada a carreira de Aécio Neves as instituições são reduzidas a pó. O Supremo Tribunal decide afastar Aécio do mandato de Senador, não determina a sua prisão apenas, uma medida cautelar prevista no Código Penal que o próprio Congresso aprovou.

O Senado desafia o STF comete a insensatez de desconsiderar uma determinação da mais alta corte de justiça. Se até terça-feira não prevalecer o bom senso para que se evite o confronto, os senadores irão ¨decidir¨ sobre o que já está decidido pelo Supremo, assumindo assim a atribuição inédita de suprema corte revisora. Em função de um pretexto, que é Aécio, vira pó à celebrada harmonia entre os poderes.

Os líderes de facções diversas, ameaçados pelas ações saneadoras da Justiça, do Ministério Público e Polícia Federal, todos em perfeita afinidade com quem é hoje a figura entre eles mais proeminente, o presidente Temer, se chegarem a consumar o gesto desatinado da desobediência a uma decisão da Suprema Corte, tornam-se responsáveis por tudo de desastroso que vier a acontecer  dai por diante.

O ex-presidente FHC declarou, até falando em inglês, nos Estados Unidos que a decisão do Supremo terá de ser obedecida. Carlos Ayres de Britto com a autoridade de emérito constitucionalista e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, declarou que o Senado não pode desatender uma decisão tomada por uma turma de três ministros, o que resultou numa do STF, mas poderia recorrer ao plenário.

O trêfego Gangster das Alterosas, apelido que lhe deram alguns jornalistas seus conterrâneos, continuava fazendo pouco caso do Judiciário, e agindo com ousada desenvoltura, maquinando nas altas e sebosas esferas a manutenção da impunidade ampla geral e irrestrita, que sempre beneficiou a elite do peculato nacional. Aécio responde a nove inquéritos no STF. É quase a metade do numero de inquéritos envolvendo outro colega seu, o senador Romero Jucá, o Gangster do Hemisfério Norte.

Explica-se: Jucá é senador por Rondônia, que tem parte do seu território acima da linha do Equador. Apesar dessas lonjuras geográficas, os dois estão sempre perto e unidos pela incurável cleptomania. A linha de desvirtuada solidariedade ou de delinquência compartilhada, tanto aproxima Aécio a Jucá, como da mesma forma a Temer, a Moreira Franco, Eliseu Padilha, esses três últimos acusados pela Procuradoria da República de serem lideres de uma organização criminosa.

Mas essa quadrilha não se limita aos que estão agora no poder. Por isso, tantos conspícuos líderes da oposição saíram em defesa de Aécio. A Confraria do Peculato permanece intocada na sua essência, e continuam vivos os laços de interesse e de proteção mutua que os unem, uma das características inseparáveis das facções especializadas na “arte de roubar”. A solidariedade do PT a Aécio poderá ser a certidão de óbito moral assinada pelo próprio partido que um dia acenou ao Brasil com uma bandeira de esperança uma nova forma de fazer política, um comportamento menos delituoso na convivência com a disponibilidade dos cofres públicos.

O PALÁCIO TRANSPARENTE E A CIDADE MODERNISTA

Oscar Niemeyer e Lúcio Costa construíam Brasília. Eram dois brasileiros geniais e honrados. Se um dia estivessem contemplando as linhas leves e harmoniosas do Palácio do Planalto, e deles um vidente se aproximasse e lhes dissesse  que, naquele translúcido edifício, onde a limpidez do vidro parece sugerir a clareza orientadora da ética na vida pública, estariam um presidente e  seus ministros acusados de chefiar uma  organização criminosa, e outros de lá já estivessem saído direto para a prisão, os dois criadores da cidade moderna e modernizadora, certamente não iriam dar crédito a tão absurdo vaticínio, que significaria, para eles, o ultimo grau de uma impossível degeneração moral do país.

Pois então, é exatamente naquela enorme praça, e naquele palácio hoje transformado em sede de uma bacanal de imoralidades explícitas, que se planeja a ofensiva para a desmoralização final das instituições. O vidente, desgraçadamente estaria certo. Niemeyer, o arquiteto, e Lúcio Costa o urbanista, tinham a convicção firme de que os três prédios com suas linhas revolucionárias surpreendendo o mundo, abrigariam sempre brasileiros honrados, sensatos, visionários também, que neles comandariam as grandes decisões num país superando o atraso, e confiando no seu grande destino, tal como o presidente Juscelino Kubitscheck havia sonhado ao iniciar a grande aventura futurista, da qual Brasília seria o apoteótico marco.

Naquele tempo havia uma política extremamente radicalizada. Juscelino enfrentou duas tentativas de golpe de estado, levadas a efeito por um reduzido grupo de oficiais da Força Aérea, alguns deles, como o major-aviador Haroldo Veloso, com grandes serviços prestados ao país, mais ensandecidos pela equivocada convicção de que uma ditadura conduzida por idealistas regeneraria o Brasil, assolado, como tanto bradava o jornalista e político Carlos Lacerda, pela roubalheira incessante de uma elite corrupta. O que tantas vezes desabridamente disse, e escreveu Lacerda sobre Juscelino, não o impediu de no dia da morte trágica do grande ex-presidente, publicar um artigo homenageando o morto, que é um dos mais eloquentes testemunhos da grandeza da política.

Sim, já tivemos na nossa hoje tão malsinada e malsã política, tempos que, se não foram virtuosos, conservavam pelo menos um sentimento de dignidade pessoal. Com raras exceções os políticos daquela época evitavam a promiscuidade da corrupção escancarada, e naturalizada como se o crime fosse algo inseparável da vida pública, o que agora acontece. Juscelino não era um corrupto e a corrupção não estava disseminada pela vida pública.

Nos palácios pelos quais Juscelino passou como prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas, e presidente da República, ou no palácio onde esteve Lacerda como governador da Guanabara, nunca estiveram ministros ou assessores, tais como Geddel, Loures, Eduardo Henrique, Padilha, Moreira Franco, ou o cínico e ousado Jucá. Nem Juscelino nem Lacerda dois acérrimos adversários, teriam precisado colocar cortinas escuras nos vidros dos seus palácios, escondendo determinadas visitas, como aquela que fez Joesley Batista a Temer, para juntos, afinarem o tom da roubalheira.

Sem saudosismo não há como deixar de reconhecer que a cena política de hoje está em grande parte ocupada por crápulas que não se envergonham de assim ser.

AS ESTRADAS DO AGRESTE E O POLO DE ITABAIANA

Itabaiana será fortalecida mais do que qualquer outro município, inclusive Lagarto,  com a construção da rodovia à qual o governador Jackson Barreto já deu o nome de Rota do Agreste, e de uma outra em conclusão, chegando a Itaporanga. Uma começa em Itabaiana, outra cruza o município, iniciando-se em outro.

A Rota do Sertão, Itabaiana-Canindé, resultado da reconstrução e readequação do trecho antigo, fez parte de uma visão estratégica de Marcelo Déda que a completou com a Rota do Leite, Carira-Glória. As duas novas estradas tocadas por JB seguem essa mesma estratégia de incremento à circulação entre polos de desenvolvimento.

A Rota do Agreste ainda está na prancheta para ser iniciada no começo do ano que vem. Ligará Moita Bonita a Itabaiana, dali a Campo do Brito, São Domingos, Lagarto, Riachão, Tobias Barreto, Poço Redondo, e chegando a Simão Dias. É quase um roteiro circular, um tour sergipano. A outra estrada já em conclusão, também estratégica para Itabaiana, interligará aquele município à BR-101-sul, na altura de Itaporanga D`Ajuda.

Será o elo oeste entre as nossas duas rodovias federais, a 101 e a 235, que cortam o estado, e se entroncam em Socorro, ali, abrindo-se a direção oeste para quem trafega nas duas direções norte sul. Ou seja, todas as direções levam a Itabaiana. Sobre essa estrada, quase concluída, o popular Branca de Neve que tem um sítio na região por ela beneficiada, diz que os seus efeitos já começam a ser sentidos com a valorização das terras no entorno, e também o surgimento de novos empreendimentos.

Essa rodovia Itabaiana-Lagarto, era um projeto que não saía da cabeça do deputado Luciano Bispo, presidente da Assembleia, e a ela o governador Jackson Barreto logo aderiu.

SERGIPE E A COMPETITIVIDADE

A elaboração do ranking Nacional da Competitividade, abrangendo os vinte seis estados e o Distrito Federal, traz para Sergipe uma informação desoladora, tão preocupante como aquela que nos situou no apavorante primeiro lugar de homicídios registrados proporcionalmente ao total da população. Eram 58 assassinados por cada cem mil habitantes.

No Rio de Janeiro são 36. Com relação ao que tanto preocupa as pessoas, o crescimento da violência, houve uma ação muito bem articulada pelo Secretário da Segurança João Eloy, e o Comandante da PM coronel Marconi, e os resultados começaram a surgir com a queda no índice dos homicídios e da violência de um modo geral. Nada ainda para ser comemorado, mas uma animadora constatação que reforça a ideia de que segurança não se faz sem um cuidadoso trabalho de planejamento, e sintonia entre comandos.

Já a questão da competitividade, também grave, requer inicialmente o acesso à metodologia adotada na pesquisa, para que se identifiquem os pesos específicos atribuídos a cada componente. Sergipe é afetado no que se refere à capacidade de oferecer uma infraestrutura indispensável para a ampliação da capacidade de um parque produtivo.

Não dispomos de um porto com capacidade para operar navios com mais de trinta mil toneladas, não temos linha férrea, e o nosso aeroporto continua acanhado. Imaginando que a promessa federal de reconstruir e ampliar o atual aeroporto seria cumprida, o governo do estado apressou-se em concluir as obras que teria de oferecer como contrapartida. Essas obras de acesso viário estão prontas, mas agora não chegarão mais os esperados recursos, porque se anuncia a privatização do aeroporto de Aracaju, num mesmo pacote do qual fará parte o aeroporto de Salvador.

No que se refere à qualificação de recursos humanos Sergipe não estaria abaixo dos índices registrados no nordeste. Aqui se fez um esforço pela instalação de várias escolas técnicas acopladas à rede estadual, há o tradicional trabalho realizado pelo chamado Sistema S, além da ampliação das atividades do IFS, da UFS, e mais o que fazem na área privada a UNIT, a Pio X, e diversas faculdades.

Há o Sergipetec, incubadora de empresas, núcleo de atenção às novas tecnologias, sem duvidas um considerável avanço, também setores de formação técnica mantidos pela Petrobras.

Mas, o essencial agora é que governo do estado, prefeitos, reitores, empresários, se reúnam para que possa ser feita uma analise acurada sobre os gargalos que estariam emperrando a competitividade em Sergipe, deficiência que evidentemente dificulta a atração de investimentos, principalmente aqueles direcionados a setores que demandam tecnologia.

A SOCIEDADE SE MEXE O MEIO AMBIENTE EM FOCO

“Nada apressa mais a catástrofe do que a inação paralisante”, esta frase está num livrinho miúdo, todavia fundamental, escrito por Jürgen Moltmann e Leonardo Boff. O título do livro é uma instigante pergunta: Há Esperança para a Criação Ameaçada?

Moltmann e Boff, são teólogos que buscam revitalizar a fé fazendo-a instrumento também da transformação social, e incluíram nas suas narrativas o candente tema do meio ambiente, antevendo a catástrofe  que se avizinha, ou já começou, através da  fúria desmedida da natureza exagerando nos seus excessos cada vez mais constantes. Os teólogos ambientalistas passeiam pela iminência da catástrofe, reafirmando o potencial da vida e exaltando a esperança desde que se traduza em ação.

Terça-feira pela manhã em Canindé, no assentamento Mandacarú, uma das favelas rurais que foram criadas por politicas publicas incompletas, havia um toldo armado, e sob ele umas cem pessoas. Ali se comemorava o êxito de uma ação ambiental, primeiro passo para a proteção do degradado riacho Curituba.

Na margem direita do rio em 60 hectares se tenta recriar a mata ciliar numa área de caatinga, também um bioma devastado. O projeto é do Ministério Público sergipano, elaborado pela Promotora de Justiça que cuida do meio ambiente, Allana Rachel Soares Costa. Marca a saída do imobilismo, com a didática mais eficiente do exemplo. O projeto resultou de uma parceria entre a Prefeitura de Canindé, órgãos estaduais e federais e o MP, começando na gestão do prefeito Heleno Silva, continuando no breve período de Orlandinho, e agora na gestão de Ednaldo Vieira Barros. Na execução se destacou o ex-secretário Heráclito Oliveira de Azevedo e agora o atual secretário municipal da agricultura e meio ambiente Rildo Joaquim.

Demonstrando que a sociedade se mobiliza advertida pelas mudanças climáticas tão repentinas, pela desertificação no semiárido causada pela devastação da caatinga, lá estavam sob o toldo e contemplando as mudas já bem vistosas, o prefeitos de Canindé, Ednaldo Vieira, de Poço Redondo Junior Chagas, o diretor presidente da DESO, Carlos Melo, o agrônomo Jose Dias, o engenheiro Ailton Rocha e o geólogo João Rocha que haviam acabado de avaliar uma nascente, para que se faça o entorno de proteção.

Até o findar deste ano semente em parceria com o Instituto Vida Ativa, estarão plantadas mais de 60 mil mudas. Os plantios foram feitos pelas prefeituras de Aracaju, Itabaiana, Glória, Propriá, Lagarto, Canindé, Poço Redondo, pela DESO, que arborizou nascentes, barragens e rios e agora conclui a atividade do ano plantando 4 mil árvores nas margens ao lado de onde estão as bombas da empresa que captam água para Aracaju. A COHIDRO plantou mudas no Perímetro Califórnia e outros, dezenas de pessoas arborizaram seus sítios, suas fazendas, seus quintais por todo o estado, os movimentos sociais e associações fizeram o mesmo.

Ou seja, a ação está vencendo a inação.

EDVALDO E MENDONÇA A COISA PODE RENDER

O ri fi fi ou imbróglio inesperado e impactante na cena política foi o desacerto ao que tudo indica definitivo, entre o ex-deputado e ex-dirigente da EMSURB Mendonça Prado e o prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira. Como é sabido as ações do Ministério Público e da Polícia, buscando supostos ilícitos na relação entre a empresa municipal e empresas particulares que cuidam da coleta e tratamento do lixo. Mendonça Prado, por determinação judicial terminou sendo afastado do cargo de direção que exercia. Estrilou, mas emudeceu depois. Como advogado, ele sabe que há o momento de falar e calar até que uma sentença seja proferida. E a decisão judicial o isentou completamente das acusações.

Mendonça ficou a esperar que até por um ato público de reparação moral, o prefeito logo o convocasse para retornar ao cargo, aonde chegaria com a autoridade da inocência reconhecida pela justiça. Aliado, que deu contribuição valorosa para a vitória de Edvaldo, Mendonça esperaria pelo menos um gesto de amizade, de reafirmação da confiança, que da parte de Edvaldo não se concretizou. Sentindo-se como rejeito que nem para uma reciclagem serviria, decidiu romper publicamente com o prefeito. E o fez de forma contundente, e até mesmo exagerada, pelo trato pessoal que deu à questão, e às ofensas desnecessárias em tom de desafio dirigidas a Edvaldo. Disse que Edvaldo o tratou como se ele fosse um leproso. Hanseníaco ele claramente não é, mas, que a partir de agora poderá transformar-se num comichão permanente para Edvaldo, isso já ficou bem claro.

Edvaldo é um político bem sucedido, habilidoso, e que conseguiu com um partido diminuto, sem votos, e objeto de resiliente preconceito, (comunista ainda é uma designação que mete medo) chegar duas vezes ao segundo cargo eletivo mais importante em Sergipe, a Prefeitura de Aracaju. Ele se relaciona muito bem, tem conversa agradável e inteligente, mas limita muito as relações a contatos quase fortuitos, e isso talvez o isole, quando se fizerem essenciais laços melhor construídos. Talvez essa forma de desatenção venha a ser corrigida após a avaliação das pesadas consequências do desencontro com Mendonça, que produz a intensificação das criticas, partidas de uma oposição competente e aguerrida, feita pelo derrotado deputado Valadares Filho, e pelo seu pai, o senador Valadares, com disposição idêntica, além da barragem de fogo cerrado de vereadores, com destaque para Elber Batalha.

Qualquer erro logo é massificado, e sobre ele recaem as lentes de aumento que causam enormes estragos. Edvaldo não tem ainda contra ele a má vontade da opinião pública, até porque não faz uma administração ruim, mas, não há uma estabilidade que lhe garanta sucesso no restante do mandato. Por isso, terá de reciclar-se, adotando nova forma de interagir com as pessoas, valorizá-las, diversificando contatos e amizades, para não se ver limitado ao circulo restrito de poucos assessores, e demonstrar que não abandona aliados, não esquece dos que estão ao seu lado, e isso se pode fazer dedicando atenção a cada um. No episódio que gerou fagulhas, quase provocando um incêndio, Edvaldo jogou sobre o indignado ímpeto de Mendonça um balde de humildade, e quase um pedido de desculpas, ido além, e reconhecendo o próprio erro. Coisa rara quando se trata de políticos.

Já Mendonça Prado terá de moderar o virulento tom do discurso, admitindo que política não é rinha de galo, onde emplumados brigões se enfrentam. O debate travado no programa de George Magalhães, entre ele e o delegado Alessandro Vieira, que aliás nem deveria ter ido ao desnecessário bate boca, acabou sendo quase um convite para o duelo, coisa tão fora de moda e não admissível, ainda mais quando estão em cena um politico, ex-deputado federal, e ex-secretário da Segurança Pública, e uma autoridade policial que a ele já fora subordinado.

DA RETIRADA DA LAGUNA À RETIRADA DA ROCINHA

O exército brasileiro muito se orgulha de uma operação militar que, paradoxalmente, foi um recuo em massa de tropas em combate. Trata-se do episódio conhecido como Retirada da Laguna. Ocorreu, durante a sangrenta e infeliz guerra do Paraguai, o maior conflito militar no continente sul americano. Sob o comando do coronel Drago, um batalhão, cerca de 600 homens, saiu de São Paulo com a missão de conter o avanço paraguaio no Mato Grosso.

Em Minas Gerais o efetivo foi aumentando e chegou a quase 3 mil homens. Na travessia dos pantanais e selvas mato-grossenses, as febres foram alquebrando a tropa. Ao cruzar a fronteira, um terço dos efetivos desaparecera. Em maio de 1867, quase dois anos após a partida, os brasileiros ocupam a vila de Laguna no território inimigo. Os paraguaios arrasaram a cidade, exterminaram os rebanhos. Passando fome, doentes, dispondo de pouca munição a tropa iniciou a retirada, sob fogo dos paraguaios. Três meses depois chegavam ao Brasil, mas eram apenas 700 homens doentes, estropiados.

Entre eles, o oficial engenheiro Afonso Taunay. Nascido no Rio de Janeiro, era descendente de uma família aristocrática francesa, da qual vários integrantes ilustres figuram como personagens naquele monumento da literatura universal que é a Comédia Humana, de Honoré de Balzac. A epopeia da retirada da Laguna teria sido um episodio menor, não fosse o livro que a celebrizou, escrito em 1871, em Paris, sob o título La Retraite de Laguna, depois traduzido, publicado e republicado várias vezes no Brasil.

Nessa sexta-feira, 29 de setembro, o exército brasileiro retirou-se da favela da Rocinha, onde aliás nas circunstancias em que ocorreu, a entrada jamais deveria ter acontecido. Serviu apenas de massa de manobra para o marketing de um presidente no qual apenas 3% dos brasileiros acreditam. Temer anunciou que as tropas permaneceriam até o final do seu mandato, e que os resultados já aconteciam no primeiro dia, no que foi secundado pelo Ministro da Defesa, um paspalho falante.

O general Eduardo Vilas Boas na histórica entrevista no Programa do Bial, advertiu que não haveria sucesso na Rocinha, enquanto ações sociais, atenção aos moradores, estudo minucioso das características psicossociais da coletividade, planejamento, definição clara de responsabilidades, tempo para a execução, tudo isso acontecesse, e sendo com antecedência, pensado e repensado.

Tudo faz crer que Michel Temer já desmoralizado, desmoralizando o Executivo e o Legislativo, que ousa agora desmoralizar também o Ministério Público, o STF e a Polícia Federal, desejaria levar, nessa derrocada de equívocos e falências morais, também as nossas forças armadas.

A Retirada da Rocinha foi um ato de sensatez, até que se restabeleçam as condições indispensáveis para as ações, livres da influencia destrutiva da Confraria do Peculato que nos governa. Enquanto as forças federais deixavam a Rocinha, o ainda, infelizmente para o Brasil, presidente Temer, chegava a São Paulo, para cumprir a agenda pessoal de um encontro com Paulo Maluf, ido à casa do deputado, repetindo, aliás, um trajeto também percorrido pelo ex-presidente Lula. Maluf, que sobrevive impune, deve ser bom conselheiro.

CARLOS OLIVA SOBRAL

A maçonaria sergipana perdeu um dos seus mais presentes e atuantes obreiros, perda mais acentuada para a Loja Simbólica Cotinguiba, da qual Carlos Oliva Sobral era um dos mais antigos integrantes. Funcionário por muitos anos do Grupo Constâncio Vieira, Oliva, após a aposentadoria, se manteve ativo e como sempre trabalhador, sem afastar-se da sua preocupação principal que era servir à coletividade.

Homem desprendido, dedicado à família e aos amigos, tornou-se também um estudioso da história de Sergipe, sempre reclamando do esquecimento sobre o nosso passado. Carlos Oliva Sobral, um exemplar pai de família, um cidadão que pautou a vida pelo respeito aos valores que cultivava.

A FOLHA DA PRAIA UM PAPEL DE RESISTENCIA

A Folha da Praia mais uma vez circulando. Faz parte da vida sonhadoramente laboriosa do poeta e sempre “arteiro” Amaral Cavalcanti esse fazer estimulante de uma Folha  esporadicamente posta nas mãos de, olha lá, já são quase três gerações de leitores. Há, digamos assim, um tanto passadistamente, uma plêiade de intelectuais, de militantes da cultura, e também das mais diversas ideologias (a Folha é um saco de gatos, felinamente inquietos ou felinianamente desbravadores do inusitado).

Terminemos então este registro, com a cafonérrima saudação: Parabéns ao Amaral, aos insalariados jornalistas, e gente das mais diversas procedências que mantêm a Folha de pé, ou melhor, rodando. Já lá se vão quase 4, isso mesmo, quatro decênios. Alguém precisa contar sergipana e nacionalmente esse tempo. Basta seguir os humores, afetos, desafetos, sonhos e esperanças, rebeldias e aquietações tão impostas, dor, sofrimento, denuncias, fingimentos, concordâncias, iconoclastias, saudades, renascimentos, e sobre tudo o ansiar libertário predominando, exatamente, nas páginas escassas da praiana Folha.

SACUNTALA 40 ANOS DE COMUNICAÇÃO

Sacuntala Guimarães é advogada, professora de inglês, mas nunca exerceu esses ofícios. Fascinada pelos horizontes sempre desafiadores da comunicação, preferiu o jornalismo, e a ele se dedica, faz exatamente agora quarenta anos. Fez da arte de comunicar o sentido maior da sua vida, ou seja, o maior mesmo sempre foram os filhos, o marido, também comunicador, um dos pioneiros na publicidade em Sergipe, Luiz Sérgio.

Pode-se dizer que Sacuntala é uma discreta festeira, mas ao comemorar os 40 anos no batente do dia a dia, é claro, fez festa grande no ‘Espaço Sobre as Ondas’, para receber tantos amigos. Sempre inovadora e à cata do que é moderno, lançou o aplicativo THAT`S ALL APP. É um mailing empresarial completo, já disponível em IPhone ou Android.

DEFENSOR PÚBLICO OU IDIOTA ULULANTE?

O chefe da Defensoria Pública da União falando, tem cara de idiota, e idiota é o que deve ser mesmo. Defende o pedido que encaminhou ao Supremo para o retorno de todos os bandidos de alta periculosidade, agora em penitenciarias federais de segurança máxima aos seus estados de origem. Só um exemplo: Fernandinho Beira Mar que está no presidio federal em Rondônia, voltaria ao Rio de Janeiro para ficar mais perto ainda da sua gente.

Com a qual se comunica toda hora, porque não lhe faltam meios para isso. Tem, segundo Marcola, outro megabandido, 40 milhões de dólares à disposição, para gastar corrompendo todo mundo. O conspícuo Defensor alega que tanto tempo isolados nos presídios federais os presos não estão sendo ressocializados, e há uma afronta à Constituição. O Defensor preocupa-se também com o estado de saúde de todos eles, e deve acreditar na regeneração próxima de Beira Mar.

O que seria isso? Ingenuidade, altruísmo, estupidez, insanidade mental, ou simples capitulação aos atrativos do dinheiro fácil.

JOSÉ GARCEZ E A HOMENAGEM DA OAB

A 9ª Conferência Estadual da Advocacia, de 5 a 6 de outubro no auditório do Tribunal de Contas, terá como patrono o advogado José Garcez de Góis. O Conselho Pleno da OAB indicou o nome do veterano advogado, como forma de reconhecimento a um associado que tem honrado o labor da advocacia.

Sobre José Garcez disse o presidente da OAB-SE, Henri Clay Andrade: ¨Ao longo da sua carreira profissional, Garcez, hoje com 76 anos, mantem vigor intelectual e conduta ética irretocável que orgulha a advocacia sergipana¨.

O tema da Conferência: Direito de Defesa e Acesso à Justiça.

O CENTENÁRIO ASILO RIO BRANCO

Instituição que resiste ao tempo, vence adversidades para subsistir, o Asilo Rio Branco completa, nesse começo de outubro 106 anos de existência. As pessoas talvez nem saibam onde ele fica, mas é quase no centro da cidade, no trecho médio da Avenida Hermes Fontes. Ocupa um terreno grande, tem boas instalações, onde hoje vivem 28 idosos, 12 homens e 16 mulheres. Foi fundado por Idalino Rodrigues Dantas, e desde então tem recebido apoio da instituição maçônica. Um maçom, Orlando Carvalho Mendonça é o diretor do Asilo desde 1992, com sucessivos e renovados mandatos, todos em função do trabalho que realiza incessantemente.

Foram dirigentes do Asilo Rio Branco desde a sua fundação: Desembargador Simeão Menezes Sobral, Almirante Amintas Jorge, Napoleão de Carvalho, Professor Franco Freire, professor Joaquim Sobral. Dr. Manoel Carlos Souto, Arivaldo Prata, José Rodrigues Santiago, João Nunes de Andrade, Sálvio Oliveira, Jose Álvaro de Carvalho Prado, e agora Orlando Carvalho Mendonça.

Sendo instituição filantrópica o Asilo recebe doações.

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