Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
A arte de furtar e a arte de afrontar
02/09/2017
A arte de furtar e a arte de afrontar

Paira uma dúvida nunca esclarecida a respeito da verdadeira autoria do primoroso documento, que é denúncia sobre a grande mistura da coisa pública com os bolsos privados, que grassava, sem limites, tanto na metrópole portuguesa, como na distante colônia de além mar, chamada Brasil. Esse documento foi um sermão proferido em Lisboa pelo pujante orador sacro padre Antônio Vieira, intitulado A Arte de Roubar, sempre incluído no conjunto da obra do notável religioso, que poderia ser considerado luso-brasileiro.

Quando, em 1885 foram editadas em Lisboa as obras completas do Padre Vieira, A Arte de Roubar estava incluída entre elas. No Brasil, os sermões foram publicados pela primeira vez em 1907. A editora, Livraria Garnier, convidou o sergipano João Ribeiro para fazer a revisão e comentários. O grande filólogo laranjeirense, tocou no tema de uma possível apocrifia daquele sermão sobre a arte de furtar e os seus oito ladrões, estes, sem nenhuma dúvida, representados pelo sistema variado de rapinagem montado pelo baronato português e seus similares no Brasil.

A dúvida é apenas em relação ao autor, sobre os fatos relatados na obra, todos são rigorosamente verdadeiros. Coube a um ilustre mineiro, historiador, estudioso das ciências naturais, membro da Academia Brasileira de Letras, após demorada e minuciosa pesquisa desvendar o mistério e quase extinguir a dúvida. No livro A Arte de Roubar e o seu Autor, Afonso Pena identifica o diplomata português Antônio Souza Macedo como aquele que poderia assinar a obra. Mas a polêmica não parou por aí.

Quase dois séculos depois, um espanhol, catalão, que era médico e humanista, Pedro Henrique Monlau, usando o pseudônimo D. Dimas Camándula, escreveu o livro A Arte de Roubar, todavia, ao contrário do padre Vieira ou Souza Macedo, não tratou daqueles ¨artistas¨ engomados de mãos ligeiras. Nada disse como eram ¨guardados¨ os cofres públicos. Trata-se mais de um bem humorado relato sobre a arte do embuste, as artimanhas de golpistas comuns, que não frequentam palácios. Ao mesmo tempo, quase uma espécie de útil, manual de precauções contra embusteiros.

Assim, diante das circunstâncias vividas por todos nós brasileiros, não enquadrados ainda nas categorias de ¨colarinhos brancos¨ ou sequestradores de galinhas, tanto a obra de origem polêmica como a outra, de autor que preferiu o pseudônimo, seriam de grande utilidade, enquanto cruzam pelo ar as balas perdidas, e nas salas atapetadas planejam assaltos.

Faltam-nos, porém, um Vieira um Souza Macedo ou Dimas Camândula que pudessem fazer algo correlato, tratando todavia de uma outra ¨arte¨, aquela, de afrontar um país, o seu povo, as instituições, toda uma Nação que, aliás, nesse Sete de Setembro cabisbaixa e triste, registra a data da sua talvez suposta independência.

EPISÓDIOS DA GUERRA VIVIDOS EM SERGIPE

Na sessão dessa segunda-feira, 4, na Academia Sergipana de Letras, o memorialista e acadêmico Murilo Mellins vai falar sobre episódios da Segunda Guerra Mundial. Foram vividos em Sergipe, e dos quais ele foi testemunha. Do alto dos seus gloriosos oitenta e sete, Murilo era, em agosto de 1942 uma criança por volta dos doze anos, que tinha enorme curiosidade sobre tudo, e equipado, ainda, com memoria prodigiosa, que foi aguçando-se no decorrer da vida.

Aracaju vivia dias de sobressalto e quase terror. A guerra alongava-se espalhada pelo mundo, mas, daquela conflagração mundial os brasileiros ainda se imaginavam distantes. Apesar de já termos nos inclinado para a luta contra o nazi-fascismo, depois do ataque japonês ao território americano do Havaí, e já estivessem em andamento as tratativas para instalação de bases americanas no nordeste, e navios brasileiros terem sido afundados, não se pensava que o rastro de sangue da carnificina global chegasse às nossas praias.

Mas o rastro havia chegado, e deixado cobertas de cadáveres as praias do sul sergipano e norte baiano. Um submarino alemão, o U-507, afundara navios navegando em viagem pacifica transportando passageiros e cargas. Em Aracaju chegavam os primeiros sobreviventes, e imaginava-se até a ameaça de um iminente desembarque alemão. Pessoas saiam da cidade, onde já se montava um tosco aparato para provável e talvez quixotesca resistência.

Numa manhã tempestuosa de civismo e vingança, uma multidão tomou as ruas de Aracaju, atacando casas comerciais e residências de alemães e italianos aqui residentes, e também de brasileiros identificados com o Integralismo, dos quais suspeitava-se que fossem colaboradores ou espiões de Hitler, o ditador alemão, e Benito Mussolini, o déspota italiano. Disso tudo, e muito mais, com exuberância de detalhes falará Murilo Mellins. O presidente da ASL, Anderson Nascimento, convidando a todos que tenham interesse em participar do ato que assinala, também, a comemoração cívica pela data da nossa tão aviltada independência.

DO FACÃO DE GUALBERTO AO PUNHAL DE ANA LÚCIA

O facão, ferramenta útil de trabalho, poderá ser também arma ostensiva que, empunhada, logo torna explicita a intenção de defesa ou de ataque, sem subterfúgios, fingimentos ou hesitações. O facão não se disfarça, nem se esconde. É arma bem visível, cujo manuseio dispensa sutilezas. Não há previsibilidade, muito menos premeditação, no uso de uma ferramenta transformada em arma por força de circunstancias imprevisíveis. O facão poder-se-ia dizer: é explícito. Já o punhal é sorrateiro.

O punhal é sempre arma, e traz em si o próprio simbolismo de traições, vinditas, maldades, vilezas. O punhal, arma sutil, pode ser facilmente oculta, e tem formas variadas, adaptadas até ao tipo de uso que dela se pretenda fazer. Punhais e venenos enriquecem a literatura policial, e fazem parte das cortes, dos palácios por onde rondavam as conspirações, as desconfianças, o andar silencioso do ódio reprimido.

De forma alguma, no texto que segue, se terá a ideia de relacionar o facão ao deputado Chiquinho Gualberto, ou o punhal à deputada Ana Lúcia, apenas, se tratará de um embate político que deixa evidentes comportamentos bem diversos.

Nas acaloradas discussões travadas na Assembleia antes da aprovação final da fusão da previdência, a deputada Ana Lúcia fez referencias evidentemente desprimorosas ao colega de partido, o deputado Chiquinho Gualberto. Lembrou de um controverso episódio em que o parlamentar, velho lutador pelos direitos dos trabalhadores, e a autonomia dos seus sindicatos, quase recentemente, num confronto com Nivaldo, o combativo presidente do SEPUMA, o teria ameaçado com uma ¨surra de panada de facão¨ daquelas, que deixam gravadas na pele da vítima as marcas da Tramontina. O suposto episodio nem sequer foi efetivamente comprovado.

Ana Lúcia requentou o caso na tentativa bisonha e grosseira de desqualificar um companheiro de partido, e com uma biografia rica de participação nas lutas sociais e democráticas. Por coisas assim, entre o facão e o punhal, se torna imprescindível a lembrança de alguns episódios, até recentes.

Corria o ano de 2013, o governador Marcelo Déda internado num hospital, estava, todos sabiam disso, em fase terminal do sofrimento com o câncer devastador, que vencia os esforços da medicina, e dele próprio, na tentativa corajosa de sobreviver. Em Aracaju o Sintese, como sempre encabeçado pela deputada petista Ana Lúcia, que Déda muito prestigiou, e por duas vezes a fez importante Secretária de Estado, fazia manifestações que ultrapassavam todos os limites da razoabilidade. Prejudicava os estudantes das Escolas Públicas, onde estudam, em grande maioria, filhos de pais pobres. O Sintese começou a adotar ações, que, de tão repulsivas, deveriam ser contidas por quem conservasse um mínimo de bom senso, alguma dose, ou algum sentimento, por mais recôndito que fosse, de respeito ao ser humano. 

A deputada desfilou à frente dos cortejos que conduziam o ¨caixão luxuoso de Déda¨. Montaram em frente ao palácio do Governo um túmulo, e dentro dele colocaram o caixão, com um boneco simulando Déda. A ¨viúva de Déda¨ uma bruxa envolvida num xale sebento e escuro, debruçava-se chorando sobre o túmulo, e havia um coro de vaias entrecortados da galhofa de choros e soluços de bufões.

Naquela Comédia da Morte, talvez ária sinistra de uma Ópera de Truões, entra a deputada Ana Lúcia, como solista principal. Três meses depois, naquele mesmo lugar da sepultura infamemente agourenta, estava o caixão modesto, daquela vez real, que guardava o cadáver do governador Marcelo Déda.

Ana Lúcia insistiu em desempenhar até o final, o papel que a fez meticulosamente descuidada de ser cristã: aproximou-se, e derramou lagrimas de vitríolo sobre a figura hirta e digna do morto ilustre, cuja visão altruísta e sentimentos humanos estavam muito acima daquela escória que o sepultara em vida.

Naquele momento, teria surgido o punhal manchado de fel e maldade, pela ultima vez cravado, agora, no corpo de um homem morto.

A MAÇONARIA, AS LETRAS, A RENOVAÇÃO EM CURSO

Nesse agosto que findou, comemorou-se o Dia do Maçom pela primeira vez em Sergipe. Resulta de um projeto do deputado Luciano Pimentel, e se fez ato solene na Assembleia por iniciativa do presidente Luciano Bispo. Na ocasião houve uma homenagem ao maçom Orlando Carvalho Mendonça, que recebeu a medalha de Grande Benemérito da Ordem.

Inaugurou-se ainda um Monumento à Maçonaria na Orla da Atalaia. Foi iniciado por João Alves e rapidamente concluído por Edvaldo Nogueira. Presentes ao ato estiveram mais de 200 maçons.

Na AABB houve a posse da nova diretoria da Loja Maçônica do Estado de Sergipe, assim constituída: Grão Mestre, Alberto Jorge Franco Vieira, adjunto, João Teles de Melo Filho, Primeiro Vigilante, Valter Teles de Mendonça, Segundo vigilante, João Teles de Mendonça.

A MIGRAÇÃO DO LEITE DE ALAGOAS PARA SERGIPE

Kaká Andrade, suplente do senador Amorim, durante o período em que assumiu o mandato tratou de alguns temas importantes para o semiárido sergipano, entre eles, abordou a perspectiva de crescimento da produção leiteira, sendo para isso indispensável a elaboração de um projeto envolvendo estado e iniciativa privada. Em relação a isso, o governo do Estado, vai iniciar um programa de melhoramento genético dirigido aos pequenos produtores de leite da região.

Estão sendo concluídos também projetos específicos para a região de Santa Rosa do Ermírio, e destinados a produtores de maior renda, com a participação do BANESE. Kaká Andrade esteve recentemente na região de Batalha em Alagoas, uma das grandes bacias leiteiras do nordeste, e lá ouviu produtores dizerem que o negócio do leite está sendo transferido para Sergipe. Segundo eles, o modelo alagoano era quase inteiramente baseado em grandes produtores.

Eles envelheceram, talvez não tenham mais disposição para permanecer na luta, e certamente esperariam que seus sucessores os substituíssem. Mas os filhos foram estudar, formaram-se, e infelizmente pelo nordeste não é habito de quem vai para a cidade, descobre um novo mundo, retornar depois às origens para fixar-se no campo, e tocar à frente empreendimentos herdados.

Assim, o negócio do leite reduziu-se em Alagoas. Segundo o produtor ouvido por Kaká, parece renascer hoje com muito vigor em Sergipe, especialmente no semiárido, onde Santa Rosa do Ermírio, em Poço Redondo, demonstra ser o modelo mais adaptado para a região por ser baseado em propriedades de médio porte, de pessoas com tradição na atividade leiteira, e que adquiriram ou herdaram suas terras, tendo assim uma experiência familiar continuada.

OS ALUGUEIS E OS SEUS VALORES

O Ministério Público Federal em Sergipe começa a funcionar nas suas novas instalações. Não são suntuosas, apenas confortáveis. O MPF tem crescido muito em protagonismo indispensável, e influência que conquista a partir de tantos destacados Procuradores, especialmente, Rodrigo Janot, que tem sido a barreira institucional erguida contra a Confraria do Peculato. Aqui em Sergipe o MPF tem se envolvido em ações semelhantes, guardadas as devidas proporções, àquelas tocadas pela lava jato, e outras como a regularização dos terrenos de marinha, ou relacionadas à preservação do meio ambiente. Sem os Ministérios Públicos a Policia Federal e juízes da estirpe de Moro, Marcelo Bretta e outros, a Confraria do Peculato estaria agora nadando em braçadas largas, com mais bilhões acumulados nos ¨paraísos¨ que o cassino financeiro internacional monta e estimula.

Circulam, à boca miúda, comentários sobre o valor que apontam como excessivo do aluguel que o MPF estaria pagando pelo novo prédio, depois de muito tempo espremido na modéstia de um pequeno espaço.

Quando Almeida Lima alugou um edifício e um amplo espaço anexo de estacionamento, para nele instalar todos os serviços essenciais da Secretaria da Saúde, houve uma enorme grita, motivada, sem dúvidas, por interesses político-eleitorais. Almeida demonstrou, depois disso, que além das vantagens logísticas, também havia redução de custo, e as contas com aluguel ficaram 60 mil reais menores.

Essas questões que hoje ganham repercussão enorme e imediata nas redes sociais, resultam, exatamente da exuberância civilizatória da nova forma de democracia digitalizada que vivemos. Daí porque, quando a sensibilidade de cada gestor detectar que haverá estranheza diante de gastos e valores, seria, preventivamente recomendável, que no site de cada órgão, fossem acrescentadas explicações detalhadas sobre tudo aquilo que puder causar dúvidas na sociedade, isso, em beneficio da transparência e da imagem das instituições.

Além do mais, instituições que combatem o peculato ficam sempre na mira sorrateira dos que se consideram ¨prejudicados¨ pelas ações, e entre eles há gente poderosa.

ALBANO E A TV SAINDO AGORA DO SEU CONTROLE

Os sócios majoritários na parcela de 49% das ações da TV Sergipe que fazem parte da família de Albano Franco são hoje o filho dele, Ricardo Franco, e a ex-esposa Leonor, de quem não está ainda juridicamente separado. Os dois juntos, mãe e filho, têm o poder de decisão, e resolveram vender os 49% a uma afiliada mineira da Globo. 51% das ações pertencem à viúva e à filha de Cézar Franco.

Tanto Leonor como Ricardo ficaram à frente da TV Sergipe em períodos diversos, mas, ao que parece, lidaram com um tipo de empresa com a qual não conseguiram sintonia. Surgiram choques com a outra parte representada por Lourdes Franco. Albano assumiu a gestão da empresa, estabeleceu um clima de entendimento, e entusiasmou-se especialmente com o jornalismo.

Hoje, a TV Sergipe, deve ser a única das afiliadas que tem um chefe de jornalismo não nomeado pela própria Globo, fato que ressalta a capacidade daquele empresa em afinar-se, à perfeição, com as regras da poderosa geradora. Se a TV Sergipe é hoje uma afiliada da Globo, e prestigiada muito mais do que a sua capacidade de gerar receitas pela limitação do nosso mercado, isso se deve, exatamente, ao trabalho eficiente e diplomático de Albano.

A TV Sergipe orientada por Albano, que é prestigiado e conserva muitas amizades, tem conseguido espaços largos em rede nacional para a divulgação do nosso estado, das nossas potencialidades turísticas e para investimentos diversos. Isso, além da valorização da cultura local.

Com um grupo mineiro aqui tomando as decisões, é possível que esse espaço conquistado não seja tão preservado. Mas a venda ainda não se consumou, e poderá render uma arrastada pendenga jurídica, que não será boa para o grupo. Há tanta tranquilidade por lá desde que Albano assumiu a gestão da TV Sergipe.

O JUIZ ANSELMO DE OLIVEIRA

Por decisão do STJ o Juiz Anselmo Oliveira foi afastado das suas funções até que seja concluído o julgamento das faltas a ele apontadas. Anselmo vem de família pobre, estudou, cursou Direito, e para isso encontrou os meios possibilitados pelo ingresso no Curso de Formação de Oficiais do Exército. É tenente da reserva, um R/2 não remunerado, evidentemente.

Hoje, além de Juiz com 28 anos de atuação, é professor universitário, escritor, poeta e membro da Academia de Letras. Sem entrar no mérito das acusações, até porque não nos cabe, e elas são desconhecidas, é lícito porém afirmar, que Anselmo exerce suas funções com simplicidade, não arrota autoridade, e trata igualmente a todos que o procuram. Isso, num ambiente onde existem juízes, até novatos, ou novatas, que se engalanam com adereços de semi-deuses e parecem não pisar sobre o chão terreno.

E LÁ SE FORAM AS CARDINHEIRAS

As cardinheiras que chegaram em espessos bandos, e sobre as quais falamos aqui, quase já desapareceram. Foram desta vez objeto de uma caçada implacável que as dizimou rapidamente. Embora sejam resistentes, ágeis, prolificas, não suportaram desta vez uma multidão que saiu à caça em busca da proteína que se oferecia assim tão facilmente.

Dessa vez o IBAMA não agiu, imaginou-se até que estaria sendo condescendente diante do quadro social que vivemos. Mas não foi assim, os agentes chegaram, embora tardiamente, e agiram numa região onde os bandos de avoantes ainda estavam. Prenderam dezenas de caçadores E o que fizeram? Incineraram toda a caça, mais de mil cardinheiras. É inteligente proceder dessa maneira? O ato já estava concluído, as aves mortas, por que não entregá-las a quem tem fome?

Notou-se nos locais por onde as cardinheiras passaram uma sensível queda nas vendas de carne, tanto bovina, como de carneiro e galinhas. As pessoas caçaram para comer, e milhares talvez se tenham alimentado só de cardinheiras, enquanto elas ainda eram fartas.

Coisas assim só irão acabar quando houver comida suficiente sobre as mesas, e esclarecimento na cabeça das pessoas.

PROMESSA CUMPRIDA

Durante a campanha eleitoral o candidato Edvaldo Nogueira prometeu que, se eleito, alteraria a cobrança do IPTU, reduzindo o exagero cometido na gestão anterior. Edvaldo já assinou decreto extinguindo o aumento de trinta por cento, e deverá estabelecer outros níveis razoáveis. Promessas cumpridas dão credibilidade a quem se elege e com elas ganhando votos.

UM ALÍVIO PARA JACKSON

Foi intenso e desgastante o trabalho que teve Jackson para convencer deputados, integrantes de outras instituições, de que era indispensável à saúde financeira do estado a unificação dos Fundos de Previdência. No mesmo sentido operaram o vice-governador Belivaldo Chagas, o presidente da Assembleia Luciano Bispo, os secretários, Josué Passos e Benedito Figueiredo.

A demonstração de que não haveria riscos foi comprovada com o volume de bens imóveis que o estado transferiu como garantia para a previdência. Os recursos darão algum alívio ao estado, tornarão possível um melhor calendário de pagamento da folha. Deve-se começar agora a luta para receber pagamentos da Petrobras, oriundos de créditos do estado em função do gás e do petróleo aqui produzidos. Isso vai requerer a participação de toda a bancada sergipana, mais ainda, dos dois prestigiados deputados junto a Temer: André Moura, e alguns degraus abaixo, Fábio Reis.

A MUDA EXPRESSÃO

A muda expressão, as vezes suscita inusitadas reações. É possível até que rompa silêncios. A mudez é também uma forma de despertar sentidos, de fazê-los superar as barreiras do sensorial posto em repouso. Talvez, esse aquietamento de outros sentidos tenha sido a forma de gerar a expressividade, e é isso justamente o papel das artes figurativas, entre elas a moderna fotografia.

Jorge Carvalho é calejado em educação, tanto que se fez doutor na Alemanha, tendo ainda a longa experiência da cátedra e da gestão. Intelectual inquieto, ele quis sair do costumeiro, da convivência com os livros, os problemas, a educação, mas o tempo era curto. Armou-se com uma Nikkon e com ela saiu a absorver as paisagens, as cenas ao seu redor, em tempo de lazer das fortuitas férias.

Dessa relação homem-artista e máquina eficiente, nasceu a Muda Expressão, mostra que Jorge inaugurou e que permanece no Espaço Yázigi. O catálogo mereceu o texto prefaciador e sempre magistralmente poético do autor do Instante Amarelo, o Amaral Cavalcanti velho de guerra.

TEMER E OS SEUS SINÓLOGOS

Temer descobriu, antes de viajar à China, que entre deputados federais havia muitos conhecedores, verdadeiros especialistas naquele país. Era sinólogo por todo lado e ninguém os descobria. Encontrou a todos em roda de sí mesmo, exatamente aqueles que são os seus paús-mandados no Congresso. Parece que faltou aquele do Pará, que tinha, ou ainda tem um Temer tatuado no braço. Esse, deve ser o maior entre os sinólogos de Temer. Todos, são especialistas em negócios da China.

ROBERTO REZENDE

Depois de longa e sofrida enfermidade morreu o engenheiro-agrônomo Roberto Rezende. As notícias sobre mortes são quase sempre secas, concisas, seguem o roteiro da informação que se faz indispensável. Mas é preciso, nessa formalidade final, encontrar o espaço que possa conter a expressão da vida que some, mas deixa exemplos a ressaltar.

A vida de Roberto Rezende é manancial de bons exemplos, e eles se refletem principalmente nos filhos, iluminados ainda pela suave firmeza humanista da agora viúva, a desembargadora aposentada Clara Leite Rezende. Num tempo de tantos desencontros, os dois formaram um casal que chegou às bodas de ouro na comunhão do entendimento entre si, e da compreensão do outro.

NESSE SETE DE SETEMBRO ONDE ESTARÁ O CIVISMO?

Civismo é coisa fora de moda, quase ausente do nosso tempo de tantas despreocupações com valores, com hábitos, com sentimentos. Não se trata de saudosismo ou desconexão com o novo, com a modernidade. O mundo gira, as coisas mudam. Como dizia o filósofo Heráclito, um dos luminares da Grécia clássica, o tempo flui, o rio passa, e ninguém se banha na mesma água duas vezes.

Mas, esqueceu-se talvez de dizer que a água é o mesmo elemento, é a mesma composição eterna que fez nascer a vida e a mantém. Nas comunidades humanas deveria existir essa água vital que as energizaria sempre. Para as nações ela significa valores, sentimentos, afeições, cuidados, precauções, comprometimento com objetivos. Sem isso, as comunidades se dissolvem as nações se extinguem.

Civismo não é aquilo que erradamente pensou o governo militar, quando separou brasileiros bons de brasileiros maus, e sugeriu que quem não amasse este país, então o deixasse. Esqueceram de dizer que só se ama o país que é generoso, só se ama o país que não é ocupado à força, ou através de engodos das elites autoritárias ou corruptas.

Só se ama quando há plena liberdade para amar, e isso vale tanto para a afetividade entre humanos, como para a sensação de pertencer a uma terra, a um país. Por isso, é essencial que haja civismo, traduzindo-se em consciência politica, em responsabilidade social, em conduta moral e moralizadora, tudo o que hoje não temos. Há celerados destruindo o Brasil, há criminosos afrontando as instituições. O civismo é essencial para fundamentar a ação politica, para motivar até o sacrifício, quando ele se fizer válido e indispensável.

Nesse desfile deste Sete de Setembro já não mais existem os ¨pracinhas¨ que marcharam initerruptamente desde que chegaram da guerra no segundo semestre de 1945, e foram desfilando, e também diminuindo. Hoje, se existir algum, não mais poderá marchar. E a marcha que faziam despertava entusiasmos, inflava o civismo, fortalecia a crença no Brasil.

Imaginemos, por um instante, neste Sete de Setembro, que eles ainda estão de peito estufado a marchar com as suas medalhas à mostra.

OS LIVROS DE MAÇONS

Na comemoração dos vinte anos da Academia Maçônica de Letras houve o lançamento de dois livros, um, dos professores Antônio Freitas e Osvaldo Novaes, que é um histórico da maçonaria no mundo, e das atividades em Sergipe. O outro livro é do professor e advogado Valtênio Paes de Oliveira. Afeito à Cátedra e à barra dos tribunais, onde exercita com rara habilidade e inteligência os seus duplos dons, Valtênio arriscou-se a revelar um terceiro, e para isso escolheu o campo sempre minado da literatura.

A travessia não é fácil, mas Valtênio revela qualidades para fazê-la, e firmar-se como romancista. Começou com uma espécie de memorias expressas em crônicas, com subjetividade crítica, visão, do particular ao geral, e isso é também romance. E o romance se passa na sua terra, a qual deu o nome de SERODASSON. Faz um retrato real e ficcional do seu tempo de juventude, dai o nome Diálogos em 1970.

Já os professores Freitas e Novaes preferiram um tema mais objetivo: a pesquisa e a narração histórica. O livro é essencial para maçons, e importante também para leigos que queiram ter um acesso maior às práticas maçônicas, e às suas ações no campo social e político. Antônio Freitas e Osvaldo Novaes são exemplos de dedicação à causa maçônica, e têm um vasto currículo que ainda mais os valorizam nos diversos campos de atividades públicas e particulares pelos quais passaram, dando exemplos nobres de dignidade e competência.

O prefaciador dos dois livros é o advogado, professor e autoridade maçônica, José Francisco da Rocha. Ninguém, como ele, sabe enriquecer o que escreve com tantos fatos vividos, divididos com os seus alunos, com os amigos, os companheiros.

NETÔNIO, O JUIZ EXEMPLAR JUIZ

Netônio Bezerra Machado, Procurador Geral do Município de Aracaju, desembargador aposentado, e sempre Juiz, exemplar Juiz, faz parte agora da Academia Sergipana de Letras Jurídicas. Netônio é um daqueles alagoanos, pãoaçucarenses, que chegaram para estudar em Aracaju, e por aqui foram ficando, e ajudando a fazer de Sergipe uma terra melhor para se viver.

Netônio, um jurista com visão social do Direito, ocupa com iguais méritos, uma cadeira que foi engrandecida por nela ter sentado o luminoso Wagner Ribeiro. O novo acadêmico foi saudado pelo acadêmico e desembargador Osório de Araujo Ramos, que dá sentido, sentimento e beleza ao que escreve.

UM CRIME QUE A SOCIEDADE EVITOU

Foi a reação forte dos brasileiros, a íntegra decisão de um Juiz Federal que impediram se consumasse o crime que Temer e seus comparsas cometeram através de um decreto espúrio doando terras de uma reserva amazônica para ser devastada por grileiros e garimpeiros. Houve, embora sem figurar nas noticias. uma discreta reação dos comandos militares, indignados com o desprezo revelado pela amazônia e a afronta clara aos sentimentos de brasilidade.

Tratava-se de um compromisso assumido por Temer com os deputados paraenses, e amapaenses que nele votaram. E essa turma por acaso tem algum compromisso com o Brasil ?

MOZAR SANTOS AOS 80

Pois é, o jovem que por aqui andava arisco e elegante, dando exemplos de como se administra uma mídia televisiva, Mozar Santos, chega agora aos 80 anos, mas permanece arisco e elegante. Ele foi radialista e até colunista social em Salvador. Resolveu aventurar-se na Paris dos anos setenta. Por certo se tornaria um dos personagens de Honoré de Balzac, caso chegasse por lá nos tempos dos grandes salões, das madames anfitriãs da inteligência, dos causers, e do savoir-faire.

Homem de muitos amigos, Mozar estará, como não poderia deixar de ser, comemorando as oito décadas de savoir-vivre em Paris, cercado por alguns deles. Lá estarão as sergipanas capitaneadas por Thaís Bezerra, Tanit, Mel Almeida e Bete Figueiredo.

LÁ SE FOI MANECA SOBRAL

Maneca era um ser humano cheio de afetividades, à família, aos amigos, aos conterrâneos. Foi Prefeito de Itaporanga D`Ajuda, e Vereador quase sempre. Exerceu diversos cargos e nele deixou as marcas de cuidadoso trato com as pessoas e o dinheiro público, qualidade seguramente herdada do pai o sempre lembrado Manoel Conde Sobral, que a todos os filhos teve a felicidade de transmitir o melhor dos exemplos. Maneca tem bons serviços prestados a Itaporanga e a Sergipe.

DA CHINA PARA A RENÚNCIA?

O presidente Temer teria apressado o retorno ao Brasil, se houvesse entendido que não mais possui a mínima condição moral para continuar presidente. Acaba de ser chamado agora de LADRÃO MOR DA REPÚBLICA, exatamente por aquele a quem recebeu na calada da noite para conversas que seriam normais apenas entre consumados vigaristas.

Pela primeira vez na História republicana há um presidente com noventa por cento de rejeição, que faz e desfaz decretos indecentes, que tem em torno de si apenas os peculatários que restam, porque os outros já estão na cadeia ou usando tornozeleiras, que patrocina escândalos sucessivos, que é investigado pelo Supremo Tribunal Federal e é diariamente, quase, desmoralizado por bandidos que foram antes seus comparsas. Renunciar não seria menos indigno do que permanecer afrontando a Nação?

O JANOTA EM CALÇAS CURTAS

Nem assumira a prefeitura de São Paulo e o dândi engomadinho João Dória já se lançava candidato à presidência. Imaginou-se catapultado ao estrelato nacional por algumas ações com vasta cobertura de um marketing descolado da sensatez e descompromissado com a verdade. Picareta que disfarça bem seus trejeitos de malandro com a fingida classe de diplomata, ele viu seus improvisados anúncios de realizações falharem a curto prazo .

Agora, processado e condenado por invasão de terra pública em Campos do Jordão, é obrigado também a restituir mais de seis milhões de reais aos cofres da EMBRATUR, que administrou um tanto descuidadamente com o respeito à coisa pública. Rompido com o padrinho que atraiçoou logo cedo, vê Alckmin começar a devorá-lo pelas beiras.

O enfatiotado, sente-se agora em calças curtas, e procura o smoking, a summer jacket, ou a cartola, sem saber onde os teria deixado.

Voltar