Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
A  CALAMIDADE QUE SE CHAMA DESO
04/04/2024
A  CALAMIDADE QUE SE CHAMA DESO

1) A  CALAMIDADE QUE SE CHAMA DESO

2) OS 60 ANOS  DO GOLPE E A POLÍTICA NOS QUARTE

3) DUPLICAÇÃO ATÉ ITABAIANA E A 235  DESDE O OESTE BAIANO

 

A  CALAMIDADE QUE SE CHAMA DESO

A deso entre outras coias, faz Aracaju feder.

 

 A DESO, estatal que em Sergipe cuida muito mal da água e pessimamente dos esgotos,  faz algum tempo vem sendo  corroída.

Especialistas  apontam três causas para que cheguemos agora à configuração do desastre.

Seriam elas: baixa capacidade de investir; modelo de gestão desastroso;  ingerências políticas e corporativas dilapidadoras.

Sem entrar no mérito desta análise, o fato é  que,  a DESO, na qual  quase todos os seus setores são  terceirizados,  vive  um momento onde a privatização dela, a empresa que tudo terceiriza, é apontada como única saída para escapar de um fracasso, no qual os anarcoliberais sem outros argumentos,   apontam o “dedo nefasto” do Estado como a causa de tudo.

Em Sergipe, se for feita uma pesquisa, mais de 70%   dirão que apoiam a privatização da DESO. Ao  contrário, entre os paulistanos,  uma pesquisa   revela que a grande maioria  deseja que a ENEL, a desastrosa concessionária italiana seja afastada, e os serviços assumidos por qualquer tipo de empresa, estatal ou privada, desde que acabem os colapsos no fornecimento de energia.

 

Assim, como fica evidente, não  existem fórmulas   simples, muito menos, que venha a surgir consenso para sacramentar uma possível solução.

Uma das principais metas do governador Mitidieri é  privatizar a DESO. Ele anuncia um modelo que seria uma espécie de concessão, e os servidores não seriam afetados.

 Qualquer  grupo que assuma a DESO evidentemente,  terá como meta enxugar a folha, rever contratos de terceirização, modernizar , criar uma empresa sem vícios, sem  nichos ocupados por alguns poucos.

Quem pretende maximizar lucros,   ampliar investimentos, não poderá agir de outra forma.

Isso deixa alarmados alguns setores integrados à engrenagem desconexa de uma empresa muito longe de ser operacional.

 

 Haverá resistências , e em tempos de eleição o imbroglio não deixará de aquecer o clima de campanha.

O ex-governador Jackson Barreto, jamais revelará isso em público, mas, ele intimamente estaria convencido de que se não houvesse  rasgado sob aplausos, o projeto de privatização do BNDES, e, ao contrário,  livrando -se da DESO, e recheado os cofres, não teria atravessado os perrengues que o atormentaram,  e o fizeram perder a eleição ao Senado.

Quando tentava privatizar a ENERGIPE, um trambolho ineficiente, Albano enfrentava pesadas resistências, até na sua  base de apoio no Legislativo.

João Augusto Gama, prefeito de Aracaju e querendo executar projetos com parte dos recursos da privatização, inclusive a reconfiguração do centro da cidade e um novo Mercado Municipal, disparou uma das suas “pérolas “ com as quais as vezes recheia suas falas incisivas: “A ENERGIPE  é  um cabide de emprego pra rapariga de deputado”.

As esposas passaram a acompanhar a votação dos maridos.

 

As resistências sumiram e logo , o “ cabide “ acabou.

No caso da DESO, não houve resistências na Assembleia.  E a privatização avança.

 

 

O debate tomará ou já tomou características ideológicas. O nosso espectro político brasileiro resiste em enxergar o maior desafio da atualidade, que é integrar-se ao novo e imprevisível tempo da Inteligência Artificial, onde poderá haver desemprego em massa, ou rápidas mudanças sociais, quando o conhecimento abrirá novos e insuspeitados horizontes.

Nessa perspectiva, não é admissível alimentar modelos de ineficiência.

A DESO piora dia a dia. Os que vivem no semiárido  , em Poço Redondo, Porto da Folha, Canindé, e tantos outros locais, dependem dos caminhões -pipa providenciados pelas Prefeituras, e há algumas  que nem isso fazem. Falta água, as vezes por semanas, e da DESO não se ouve uma simples explicação. Esse tipo de comportamento omisso é novidade, antes, não se chegava a essa impensável ausência. Havia algum zelo em relação ao próprio nome da empresa, que, agora, a cada dia  se torna mais intensamente pronunciado com desprezo e raiva, pelos que estão a sofrer as consequências. Em Monte Alegre , Glória , Poço Redondo, aulas têm sido repetidamente suspensas por não haver água nas Escolas.

A DESO  alcança o recorde desastroso de perder mais de 50%  da água que utiliza.  Tem a seu desfavor mais um outro recorde, este, repugnante: despeja nos canais da cidade  toneladas de excrementos,  faz o mesmo nos rios do Sal,  Sergipe,  Poxim.    Utiliza para  tratamento dos esgotos uma técnica superada, e vários sistemas de bombeamento estão emperrados.  Por conta disso Aracaju fede, dos bairros da classe alta até a periferia.

 

Ex-prefeito de Poço Redondo,   o advogado Junior Chagas criou uma frase de efeito, que tem produzido,  muito efeito:” A DESO é inimiga do povo.”

O governador Mitidieri inicia  a  extensa Adutora do Leite. É  obra fundamental para a região, hoje vivendo o boom  da agroindústria leiteira, e precisando de água.

Inicia, também, uma adutora menor,   destinada a suprir uma parte da cidade de Poço Redondo, onde os colapsos na adutora antiga são frequentes.

 

Talvez, por isso, o governador tenha pressa em uma solução, ou seja: fazer rapidamente uma soma onde haja o noves fora DESO.

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OS 60 ANOS  DO GOLPE E A POLÍTICA NOS QUARTEIS

60 anos depois, o fantasma do golpe ressuscitou . 

 

(capítulo 1)

Daqueles acontecidos de 31 de março ou 1º de abril, não há mais um só oficial das Forças Armadas que, à época, ocupasse um posto equivalente na Marinha, ou Aeronáutica, ao posto de general de brigada no Exército. Todos já se foram.

No mundo civil restam testemunhas oculares e também atores  que, no cenário do autoritarismo ocuparam posições de relevo.  E eram mais novos do que os generais.  Delfim Netto, o superministro, ainda hoje é conselheiro de vários governos, de Lula inclusive.  Destaca-se o  rijo nonagenário Jose Sarney. Fazia parte da chamada “ bossa – nova “ da UDN,  escapou de ser cassado,  aderiu ao regime autoritário, e esteve presente na ribalta dos vencedores, até tornar-se um dissidente,  reinaugurando o poder civil ( embora um tanto capenga) ao assumir como vice de Tancredo , em 15 de março de 1985, e tornar-se efetivo em 21 de abril, quando Tancredo chegou ao fim do seu longo padecimento.

Não foi fácil o processo de transição.

Inimigo pessoal de Sarney, o general presidente João Figueiredo sai antes, para não lhe passar a faixa.

Nomeado ministro do Exército, foi o general Leônidas Pires Gonçalves, quem deu o aval para a Nova República ser iniciada, e permanecer.

Desde aquele episódio que marcava o fim da Revolução, ou Golpe de primeiro de abril ou 31 de março, ( as datas ou definições variam, dando nitidez às divergências)  nos quarteis só se ouviram vozes de comando em exercício militares, até que a política outra vez os invadiu ,  num momento de esvaziamento da classe política e surgimento de ímpetos extremistas.

O general Vilas Boas, um nome de muito prestigio no Exército emparedou o STF, com a ameaça de intervenção militar baseado no que a “Constituição permitiria” , o  desempenho do papel de Poder Moderador que seria facultado aos militares.

A dúvida, que entusiasmava alguns generais, entre eles o general Mourão, é agora definitivamente sepultada. O STF, por unanimidade, inclusive com os votos dos dois ministros indicados por Bolsonaro, deixou claro:  no Brasil não existe Poder Moderador.

Eleito, Bolsonaro ele faz a cooptação de militares para um projeto de poder  pessoal sustentado nas baionetas. Consegue relativo êxito, e faz a história retroagir ao período iniciado em 1964.

Ao nascer da República em novembro de 1889, os quarteis entraram em estado de sublevação quase permanente. Entravam em cena os jovens oficiais positivistas, adeptos de Augusto Comte, um filósofo que proclamava a ciência como guia dos povos, e uma elite dirigente  de pessoas esclarecidas. Rompia o conservadorismo  como fonte de atraso e preconizava o avanço do progresso econômico e social.

Surgiram também os jacobinos, ( termo herdado da Revolução francesa , jacobins). Eram nacionalistas extremados, defensores de soluções radicais. Estariam à frente de tentativas de golpes e ajudaram a fazer a Revolta da Armada, um surto sangrento de sublevação da Marinha de Guerra.

Um assunto do qual iremos tratar ao longo dos próximos capítulos.

 

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 DUPLICAÇÃO ATÉ ITABAIANA E A 235  DESDE O OESTE BAIANO

Itabaiana, mais crescimento com a nova rodovia. 

 

A promessa foi feita por Lula quando candidato. Tornando-se presidente, ele reiniciaria as obras de duplicação da BR-101 em Sergipe; duplicaria a 235 até Itabaiana, garantiria o funcionamento da problemática fábrica de amônia e ureia, e faria a PETROBRAS reinstalar-se em Sergipe para dar sequência aos trabalhos visando a produção de óleo e gás em águas profundas.

A obra na BR-101, no trecho norte está sendo completada. A UNIGEL, a antiga FAFEN privatizada, vem numa espécie de balança mas não cai. E ninguém acredita mais na capacidade que terá o grupo carioca de manter a unidade funcionando. Parece que contra a possibilidade de o Brasil tornar-se autosuficiente em fertilizantes,( o que se acontecer levaria pelo menos uns quinze anos) é um objetivo debaixo de uma de uma artilharia pesada de interesses contrariados. A questão é mais complexa do que parece.

Produzir potássio, foi um objetivo que demandou persistência, jogos de poder, lances de esperteza, e vontade política. Collor, ao ser infelizmente eleito, uma das primeiras medidas que tomou foi fechar a PETROMISA, estatal subsidiária da PETROBRAS que explorava a mina de potássio e fazia o refino.

Traiçoeiro, ele desprezou promessa feita a Albano Franco, João Alves e a Antônio Carlos Valadares, que fora o segundo governador a declarar apoio à sua candidatura. ( O primeiro foi o de Alagoas, o vice que ficara no lugar de Collor, quando ele desincompatibilizou-se para tornar-se candidato à presidência.) Um gesto que ele afirmava nunca o esqueceria.

O ex-sogro de Collor do Grupo Monteiro Aranha era o maior importador de potássio canadense.

Falsário contumaz, ele determinou o fechamento sumários da PETROMISA.

Nesse setor onde a importação prevalece, há sempre barreiras a enfrentar.

Restaria ao presidente Lula, antes de encerrar o  mandato deixar os sergipanos satisfeitos com a volta da PETROBRAS.

A duplicação da BR-235, é um grande passo, ao qual se junta outro talvez maior que é o asfaltamento da BR-235 em território baiano chegando até o oeste , onde floresce o agronegócio e há  minérios a serem embarcados.

Itabaiana com sua capacidade empresarial, sua gente empreendedora, vai retirar os melhores benefícios da nova BR-235. Será um caminho de lucros.

 O Porto de Sergipe é o mais próximo, e a sua ampliação é imprescindível. O porto é explorado por uma subsidiária da VALE, que vendeu aqui a mina de potássio, e esqueceu-se completamente de cumprir a promessa feita ,quando arrematou a linha férrea da Leste Brasileiro que cruzava Sergipe de norte a sul, e está agora abandonada. Seria a anunciada Ferrovia Atlântica.

Aonde está?

Nesse anuncio feito sobre o início do projeto de duplicação da BR-235, houve a voz sempre ao ouvido do presidente do Ministro Márcio Macedo.

E ao Ministro vários políticos sergipanos se dirigiram .

Importantíssima a atuação do Ministro dos Transportes , senador Renan Filho. O governador Mitidieri tem uma excelente interlocução com o ministro, que agora cumpre a promessa que fez a Mitidieri de começar a nova ponte sobre o São Francisco a partir de Neópolis, o lado sergipano.

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